O Rio Branco, com 1300 km de
comprimento, é o maior de Roraima e o principal afluente do rio Negro. Sua
bacia cobre 80% do estado, abriga quase 90% de sua população, e tem grande
importância para a conservação da bio-diversidade, dos recursos hídricos e dos
serviços ambientais na Amazônia. A bacia do rio Branco contribui com cerca de
um terço da vazão e da área de drenagem da bacia do rio Negro.
O
Rio branco tem seu curso dividido em três segmentos devido o tipo de vegetação
de cada trecho:
- Alto Rio Branco: é o segundo maior segmento, com 172 quilômetros. Começa a confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, passa por Boa Vista, e termina na Cachoeira do Bem-Querer. Caracteriza-se por apresentar bastante largo nessa região, porém pouco profundo, especialmente no período seco, época em que se evidencia um grande número de bancos ou ilhas de areia; na cobertura vegetal predomina a presença de savana e alguns trechos com palmeiras.
- Médio Rio Branco: é o menor segmento, com 24 quilômetros. Começa na Cachoeira do Bem-Querer e vai até o povoado de Vista Alegre. É uma área de transição, com várias corredeiras, o que o torna inavegável por embarcações de gran de porte. A vegetação também representa transição, pois é uma mistura das vegetações existentes no norte e no sul do estado, com domínio das savanas, igarapé, buritizais e floresta Amazônica.
- Baixo Rio Branco: é o maior segmento, tem 388 quilômetros. Parte de Vista Alegre e corta todo o centro-sul de Roraima até encontrar-se com o rio negro. Este, por sua vez, após passar por Manaus, une-se ao rio Solimões e a partir dessa união este último passa a chamar-se rio Amazonas, o mais volumoso e extenso do mundo. O Baixo Rio Branco possui um ecossistema de floresta tropical rica em biodiversidade, com sua vegetação densa e abundante, com exuberante fauna e flora. Na calha e lagos marginais vivem algumas das mais atraentes espécies de peixes para a pesca esportiva como o tucunaré.
A vida no Baixo Rio Branco
Após coletar toda a água que desce das
regiões montanhosas do norte do estado, o rio Branco inicia seu último percurso
até encontrar o rio Negro. Ao lado da foz do rio Branco deságuam também os rios
Jauaperi e Jufari, que delineiam a fronteira com o Amazonas. É uma das regiões
mais isoladas do estado, habitada pelos Waimiri-Atroari e populações
tradicionais, que prestam um importante serviço na conservação dos recursos
naturais. Desde o início da colonização o local tem sido descrito como
possuidor de fauna aquática rica e abundante, e apesar da intensa exploração
nas últimas décadas ainda é um dos pontos com maior potencial para a pesca
extrativa e esportiva na bacia do rio Negro. A falta de fiscalização permanente
e o baixo nível de implementação das políticas públicas e das ações previstas
nos acordos de pesca e planos de governo são obstáculos que precisam ser
superados para que o desenvolvimento da região seja baseado no uso racional dos
recursos naturais, na valorização dos serviços ambientais e no respeito ao modo
de vida das populações tradicionais. Desde 2001 os moradores da região, através
de suas associações, junto com o Ibama (e depois o ICMBio), defendem a criação
da Reserva Extrativista Baixo Rio Branco – Jauaperi. O ISA apóia esta
iniciativa através da Rede Rio Negro, formada por um grupo de organizações da
sociedade civil que atuam na região. Uma referência recente sobre o modo de
vida e os conflitos pelo uso da água nas comunidades do rio Jauaperi pode ser
encontrada no volume 7 da coleção Nova Cartografia dos Povos e Comunidades
Tradicionais do Brasil.
Quando
o rio Branco corria para o Caribe
A região amazônica sofreu drásticas
mudanças paisagísticas ao longo do tempo, causadas por uma complexa rede de eventos
tectônicos e de ciclos erosivos e climáticos ocorridos durante bilhões de anos.
A bacia do Rio Negro é resultado de uma longa história natural, e o conjunto de
paisagens que abriga é um testemunho das importantes transformações a que foi
submetida. Estas transformações também ocorreram na área hoje ocupada pelo
estado de Roraima. Antes de existir a bacia do rio Branco, toda a porção norte
de Roraima fazia parte de uma bacia ancestral chamada Proto-Berbice, que
drenava suas águas para o mar do Caribe através da Guiana e tinha parte de suas
nascentes em uma cadeia de montanhas que hoje corresponde às serras Parima,
Mucajaí, Apiaú, Mocidade e Serra da Lua, entre outras. O Rio Branco passou a
existir da forma como o conhecemos há pouco mais de dois milhões de anos, quando
esta cadeia de montanhas se desgastou fazendo com a que toda a drenagem de Roraima
passasse a fluir para o sul, rumo à bacia amazônica. Rede de Informação
Socioambiental.
A
maior cheia da história do rio Branco
Os últimos 10 anos foram de clima
extremo na bacia amazônica, com grandes cheias e secas nos principais rios da
região. O rio Branco, em Boa Vista, teve sua maior seca em 2003, enquanto os
rios Amazonas e Negro tiveram seca recorde em 2010, apenas cinco anos após a
grande seca de 2005 que fez o Amazonas secar completamente em alguns trechos.
Recentemente também foi registrada a maior cheia nos rios Branco (2011),
Amazonas e Negro (2009). Em 2011 o rio Branco alcançou a maior cota de sua
história (10,62m, em Caracaraí), superando a marca de 1976. A cheia do rio
Branco desabrigou milhares de pessoas e causou transtornos e perdas materiais
na maior parte de Roraima, evidenciando o problema da ocupação desordenada na
área urbana e o risco de ocupação das Áreas de Preservação Permanente na margem
dos rios.
O
rio Branco não é tão branco assim
Em 1639 Pedro Teixeira chegou à foz do
grande rio que foi batizado Rio Branco devido ao contraste da água no seu encontro
com o rio Negro. Para os nativos que o acompanhavam o rio se chamava Queçoene.
Durante a cheia, quando está carregando os sedimentos arrastados pela chuva, a
água fica ‘branca’, semelhante a do rio Solimões. Quando a chuva pára, a água
fica mais transparente e a luz volta a entrar no rio, as algas se proliferam e
a produtividade biológica aumenta. No auge do período seco, entre dezembro e
março, o Rio Branco é mais semelhante aos rios de água clara, como o Tapajós,
do que aos rios de água branca, como o Solimões. A dificuldade em enquadrar o
rio Branco no clássico sistema de rios de água branca, preta ou clara levou
alguns cientistas a proporem sua classificação como rio de “água semelhante à
branca”.
As
águas de Roraima
Quase toda a água drenada em Roraima
chega ao rio Amazonas pela bacia do Rio Negro (96%) e uma pequena parte (4%)
segue diretamente para o Amazonas através das bacias dos rios Jatapú e
Trombetas. Entretanto nem toda a água proveniente de Roraima é exportada
através dos rios. Um grande volume de água também é lançado na atmosfera através
da evapotranspiração da floresta, contribuindo para a formação das chuvas que
abastecem os rios e irrigam a agricultura em outros estados do Brasil e nos
países vizinhos. Da mesma forma que o rio Negro abastece a capital do Amazonas,
o rio Branco é responsável pela água consumida pelos moradores de Boa Vista e da
maior parte de Roraima.
Os serviços ambientais prestados pela
bacia do rio Branco também compreendem o estoque de carbono e a imensa
diversidade biológica em grande parte protegida nas 32 terras indígenas, 8
unidades de conservação, e nas áreas que ainda não foram alcançadas pela
fronteira agropecuária. Além disso, a região do baixo rio Branco é um dos principais
pontos de pesca da bacia do rio Negro, responsável pela alimentação e pelo
sustento de milhares de famílias em Roraima e no Amazonas.
O rio Branco tem 1300 km de
comprimento, se for considerada a distância da sua foz até suas nascentes na
bacia do Uraricoera. Embora o rio Branco ganhe este nome a partir do encontro
dos rios Tacutu e Uraricoera, a maior parte de suas nascentes está em uma longa
cadeia de montanhas na divisa com a Venezuela e a Guiana, nas Terras Indígenas
Yanomami e Raposa Serra do Sol. Sua vazão média medida em Caracaraí é de quase
3 mil m3 /segundo , mas este valor é na verdade bem maior, pois o cálculo de
vazão é realizado antes do rio Branco receber as águas dos rios Anauá, Catrimani,
Ajarani, Água Boa do Univini, Itapará, Xeruini e outros rios e igarapés que deságuam
perto de sua foz .
Seu maior formador é o rio Uraricoera,
que percorre um longo trecho de corredeiras pela floresta e após formar a ilha
de Maracá (a segunda maior ilha fluvial do mundo), segue o seu curso final pelas
planícies do lavrado. O rio Tacutu, de modo diferente, tem quase toda sua
drenagem na região do Lavrado, e junto com seu afluente Maú, delineia a
fronteira entre Brasil e Guiana na face leste do estado. O primeiro trecho do
Tacutu segue para o norte (um testemunho do tempo em que sua drenagem corria
para o Caribe), e a partir de seu encontro com o Maú faz uma curva abrupta para
o sudoeste até encontrar o rio Branco. A bacia do Tacutu abriga a parte
brasileira do Monte Roraima, ao lado de outros fatores, as chuvas
estão relacionadas com as grandes diferenças no comportamento desses rios ao
longo do ano. Enquanto no pico da cheia a vazão do Uraricoera é quatro vezes e
meia maior do que na seca, no Tacutu a vazão na cheia é 150 vezes maior. Na
região mais árida da bacia do Tacutu, onde a pluviosidade média anual pode ser
inferior a 1000 mm/ano, mais de 80% da pluviosidade está concentrada nos meses
mais chuvosos, de abril a setembro.
A bacia do rio Jauaperi é a segunda
mais importante de Roraima, sendo compartilhada com o Amazonas, mas com a maior
parte de sua drenagem em solo roraimense (77%). Abrange uma vasta região de
florestas densas no sudeste do estado e foi o principal cenário de expansão da
fronteira agrícola após a década de 1980, com grande pressão do desmatamento sobre
as matas ciliares no curso alto do rio. De seu curso médio até a foz o Jauaperi
é ocupado pelo povo indígena Waimiri-Atroari e populações extrativistas, e suas
florestas ainda encontram-se em bom estado de conservação.
A
exploração do Rio Branco
Desde o século XVII a política colonial
para a região do rio Branco se resumia à exploração dos recursos naturais e à
escravização dos indígenas através dos descimentos. A riqueza da fauna permitia
a exploração de peixes, tartarugas e outros animais, além das ‘drogas do sertão’
e outros produtos de origem vegetal. Os descimentos eram expedições de captura,
quando os índios eram amarrados e metidos em canoas para o transporte até
Manaus, assim como os peixes, tartarugas e outros produtos. Aldeamentos indígenas
também foram criados às margens do rio, e a necessidade de consolidação da fronteira
resultou na construção do Forte São Joaquim em 1775 e na criação de fazendas de
gado, que seguem se expandindo nos séculos seguintes, inclusive com a criação
das fazendas nacionais (São Marcos, São José e São Bento). Este processo de expansão da pecuária no
Lavrado está diretamente relacionado ao processo de expropriação das terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios do Lavrado. Desde o fim do século XVIII diversos
naturalistas visitaram a região e deixaram relatos detalhados sobre a ocupação humana,
a geografia e a diversidade socioambiental de Roraima.
A exploração dos recursos naturais e a
pecuária são intensificadas no fim do século XIX, para atender a demanda do
mercado de Manaus. As praias do rio Branco eram famosas pela abundância da
tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), um produto valorizado não apenas
pela carne mas também por seus ovos, de onde se extraía um óleo combustível de
ótima qualidade usado para iluminar as ruas de Manaus no auge do ciclo da
borracha. Durante mais de três séculos o rio Branco foi a principal fonte de
recursos naturais e único caminho para os exploradores que entravam nas terras
de Macunaima. Embora os tempos sejam outros, algumas formas de exploração
predatória persistem no baixo rio Branco. A versão moderna dos saqueadores de
antigamente são os tartarugueiros e barcos ‘geleiros’ do Amazonas, que levam a
riqueza do rio Branco sem deixar nada para o Estado, competindo de forma
violenta e desleal com os moradores da região. Atualmente as tartarugas ainda
botam seus ovos nas praias e o rio Branco continua sendo um dos melhores lugares
para a pesca na bacia do rio Negro, mas a abundância da fauna já é bem menor do
que aquela que foi retratada pelos naturalistas que subiram o rio Branco nos
séculos passados.
Por: Patricia Rodrigues
Referencias
Bibligráficas
Diversidade socioambiental
de Roraima: subsídios para debater o futuro sustentável da região / [organização
Ciro Campos]. -- São Paulo: Instituto Socioambiental, 2011.
A Colonização e o Rio Branco
A Colonização e o Rio Branco
A
bacia do rio Branco possui um regime hidrográfico caracterizado por um período
de cheia e outro de seca. No de primeiro, de março a setembro, áreas situadas
próximas à margem costumam ser alagadas. No período de seca as águas baixam,
diminuindo a navegabilidade do rio Branco e formando belas praias fluviais.
Foi através do
rio Branco que chegaram os primeiros colonizadores portugueses. O vale do rio
Branco sempre foi muito cobiçado por ingleses e holandeses, que aqui estiveram,
através da Guiana, em busca de índios, para mão-de-obra escrava. Os espanhóis
pelo território, atualmente da Venezuela, chegaram a invadir o norte do rio
Branco, mais precisamente o rio Uraricoera. Coube aos portugueses derrotar e
expulsar a todos esses invasores e estabelecer a soberania de Portugal e depois
do Brasil nesta região.
A construção do
Forte São Joaquim na confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, em 1775, foi um
marco decisivo na conquista do rio Branco para os domínios portugueses. Apesar
do descobrimento do Brasil ter ocorrido em 1500, Roraima só foi descoberto 200
anos depois e conquistado mais tarde ainda. A presença permanente do
colonizador Português só ocorreu, de fato, após a construção do Forte São
Joaquim.
Essa decisão de
construir foi tomada para que a partir do Forte, os portugueses pudessem
enfrentar a cobiça internacional e assegurar a soberania de Portugal sobre as
terras do vale do rio Branco. Após a inauguração do Forte, os portugueses
partiram para a criação de povoados reunindo os próprios índios da região,
criando povoados como Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio (no rio
Uraricoera), São Felipe (no rio Tacutu) e Nossa Senhora do Carmo e Santa
Bárbara (no rio Branco). Porém os índios não se sujeitaram às condições
impostas pelos portugueses aos povoados.
Para garantir a
presença do homem “Civilizado”, em 1789, o comandante Manoel da Gama Lobo
D’almada, partiu para a implantação da fazenda São Bento, no Uraricoera, depois
a fazenda de São José, no Tacutu e, por fim, na fazenda São Marcos, em 1799,
existente até os dias atuais.
Por: Anderson Pereira; Andréa Pires; Beibe Consuelo.
Referências:
Filho, Gregório
F. Gomes. O Forte São Joaquim e a construção da fronteira no extremo norte: a
ocupação portuguesa do Vale do rio Branco (1775-1800). Rio Grande do Sul, 2012,
p.148. Disponível em: < http://200.18.45.28/sites/ppgh/mestrado/images/pdf/Dissertacao-Gregorio-Ferreira.pdf
> Acesso em: 26/10/2014
material bastante útil.obrigado!
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